Coronavírus e os Pets
Depois do surto do Novo Coronavírus, mais conhecido como Covid-19 (Sars-Cov-2),no Brasil, muitas pessoas ficaram preocupados com seus pets, acreditando que o vírus também era transmitido entre homem e animal. Por causa disso, também cresceram o número de abandonos de animais, por medo do contágio da doença. E por outro lado, um aumento nas adoções de pets, por causa da quarentena humana.
Em relação aos animais, alguns coronavírus (gêneros gama e delta) atingem peixes e aves. Já outros vírus (gêneros alfa e beta) desta mesma família, seus alvos são os mamíferos (baleias, coelhos, morcegos,cavalos, ferrets, suínos, roedores e entre outros) .Os dos cães (CCoV), por exemplo, podem causar diarreias leves e tem também o CRCoV, que afeta a respiração deles, em ambos os casos, esses vírus podem ser prevenidos com a vacinação anual de V8 e V10. Já os que atacam os gatos (FCoV), podem causar nódulos em órgãos internos, além de peritonite infecciosa (PIF), pode inclusive levar ao óbito, porém nem todos os gatos que são portadores do coronavírus, desenvolvem a PIF. Essa doença pode ser tratada através de medicamentos quimioterápicos ou até mesmo, medicamentos que estimulem o sistema imunológico do felino.
Ambos os vírus, são transmitidos entre as próprias espécies, ou seja, de peixe para peixe, de pássaro para pássaro, de cão para cão e de gato para gato, não infectam espécies diferentes (ou seja cão para gato, gato para peixe, ave para gato e vice- versa) e nem infectam humanos.
O virologista e professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Eduardo Brandão, estuda sobre o coronavírus, há mais de 20 anos, produziu um vídeo explicativo no canal Luz, Câmera e Ciência VPS (https://www.youtube.com/watch?v=Wcn1o3_4e-g), que segundo ele, não há motivos para o abandono do animal de estimação e nem de preocupação, mas apenas de se tomar medidas preventivas, contra a virose. " O Sars-Cov-2, pode ficar ali, através da coleira ou do pêlo do animal. Se você mora sozinho com o seu pet, os dois (você e ele), devem ficar todo o período de quarentena, devem ficar isolados tanto um do outro, quanto de outras pessoas". Afirma, Brandão.
Cuidados com Pet em tempos de quarentena:
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Associação Mundial de Veterinária (WVA) emitiram uma nota defendendo que os serviços veterinários e de nutrição animal, são essenciais para a saúde pública, especialmente para a prevenção de doenças, no gerenciamento de emergências e enfrentamento de pandemias.
A partir desse posicionamento e com a autorização dos governos estaduais, o CFMV reforça que, por enquanto e até a segunda-ordem, os veterinários cumpram seus papéis como profissionais de saúde e mantenham o atendimento normal em clínicas e hospitais veterinários, com as seguintes ressalvas:
Consultas veterinárias: de preferência, com atendimento agendado e com a presença de apenas um tutor (responsável), para evitar aglomeração de pessoas;
Higienização: regras básicas de higiene e assepsia pessoal e do ambiente, antes e após cada atendimento, usar o máximo de descartáveis. Isso devem se estender também aos atendimentos domiciliares. Manter um intervalo de no mínimo duas horas entre os atendimentos;
Internação: desestimular visitas aos pets internados no período de pandemia e oferecer maior número de boletins médicos dos pacientes.
Pet-shops: importantes para a nutrição dos animais, deve-se manter o estoque normal dos alimentos e evitar os deslocamentos incertos dos tutores em busca de rações ideais aos seus pets;
Estética animal: diminuir a frequência de banhos e tosas dos pets, para diminuir a circulação de pessoas. De preferência, para que o tutor realize a higienização de seus pets em seu próprio domicílio;
Passeio com os pets: devem ser reduzidos, e realizados em distâncias curtas, apenas visando atender às necessidades fisiológicas dos animais. Deve ser evitado também a concentração em parques e praças;
Autoridades Locais: todas as recomendações dos órgãos públicos de saúde, devem ser seguidas rigorosamente;
Animais de Produção: em geral, nesses locais, é baixa a concentração de pessoas, algo que contribui para a não propagação do vírus, nesses ambientes. Mas, deve-se manter as distâncias recomendadas pelos órgãos de saúde. De qualquer forma, em granjas com um quantitativo maior de profissionais, como as de suínos, é recomendado que as reuniões em campo para definição de procedimentos clínicos e de manejo sejam reduzidas e mais curtas, mantendo os protocolos de distância e evitar o contato físico;
Quarentena e as clínicas: o CFMV considera os serviços clínicos veterinários essenciais e devem ser mantidos à disposição da população, assim como os de nutrição animal, desde que reforcem os cuidados com a higienização a cada atendimento e organizem o agendamento de consultas com antecedência para evitar a aglomeração de pessoas, no ambiente.
A WSAVA (Global Veterinary Community), além de indicar que os tutores infectados pela Covid-19, evitem o contato muito próximo aos seus pets. Também alega que o Novo Coronavírus, podem sofrer mutações e se adaptar a diferentes espécies com o passar do tempo.
O dr.Régis Patitucci,da clínica veterinária Stetic Dog´s, alerta para as medidas de higiene." Práticas como lavar as mãos, limpar as patas dos animais que frequentam as ruas e evitar que eles tenham acesso à cama, por exemplo,deveriam ser comuns em todos os tempos, não apenas em pandemia. Isso porque, mesmo limpos quando vêm da rua, os animais podem trazer microrganismos para dentro de casa." Explica, Patitucci.
Já o veterinário Wanderson Ferreira, especialista em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais e integrante do CFMV, alega que o atendimento à distância dos PETS, continua proibido, conforme o código de ética do médico veterinário." A consulta clínica deve ser presencial, seja em consultório ou em domicílio, mas sempre que possível, de uma maneira restrita e individualizada, a fim de reduzir aglomerações." Relata, Ferreira.
O virologista Brandão, fala sobre a importância de não usar as vacinas de coronavírus de bovinos e cães, em pessoas." O coronavírus que infecta humanos é um 'primo' geneticamente distante do coronavírus animal. Assim, essas vacinas não dão proteção contra a Covid-19. Além disso, vacinas para animais e humanos possuem formulações diferentes umas das outras, podendo assim, causar efeitos colaterais." Afirma, o professor.
No Brasil, não são todos os animais que são tidos como pets, que necessitam tomar vacinas. No caso, dos convencionais (cães e gatos), é necessário que estes estejam com as vacinas em dia, para a prevenção de doenças, causadas pelos coronavírus e outros tipos de viroses e bactérias.
Porém, mesmo para os cães e gatos, ainda não há nenhuma vacina contra a Covid-19 (Sars-Cov-2 ou Novo Coronavírus).
Já os coelhos, por exemplo, são considerados, animais exóticos, esses no Brasil, ainda não possuem vacinas específicas, para a prevenção de doenças.
É de extrema importância, não automedicar o animal, sem uma prescrição do médico veterinário, e em caso de qualquer sintoma, procure um profissional da área.
Sobre o abandono de animais:
Em relação ao abandono, além de ser crime ambiental previsto no art. 32 da Lei 9.605/98, passível de pena que pode ir de três meses a um ano de detenção e multa (https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm), que se houver morte do animal, é aumentada de um sexto a um terço.
É considerado maus-tratos, por serem indefesos, ficam expostos a diversos tipos de problemas, e está relacionado a saúde pública, por vagarem nas ruas sem um controle sanitário e por serem potenciais transmissores de doenças, transmitidas entre animais e humanos, como a raiva, leishmaniose (doença infecciosa causada por protozoários parasitários), toxoplasmose e outras.
Para denunciar o abandono de animais, pode ser feita pelo telefone 181, ou pelo site: https://www.ssp.sp.gov.br/depa
Sobre o aumento das adoções:
Devido ao tempo de pandemia, e por ter que ficar em quarentena, cresceu cerca de 50% das adoções de animais entre cães e gatos, no Brasil. Já em Nova Iorque, a busca por adoções de pets, foi por coelhos (pessoas quais, nem sequer cogitavam ter um coelhinho de estimação).
Porém, alguns protetores de animais estão assustados com a essa demanda de busca por adoções, com o receio de que quando acabar a quarentena, esses animais voltarem a novamente às ruas. Pensando nisso, algumas ONGs, adotaram o método do lar temporário.
Para saber se aquela família apenas irá colher por um tempo o pet, ou se será a família definitiva do animalzinho, é feito uma entrevista, com a pessoa que procura adotar um bichinho, nesses dias de quarentena.
Sobre a China:
Por causa do surto da Sars-Cov-2 ( Covid-19), a China foi obrigada a mudar a sua legislação de consumo de carnes em seu país. O governo chinês, proibiu o consumo e a venda de carnes de animais selvagens.
Já que em alguns estudos, mostraram que o vírus se deu origem através de uma zoonose de morcegos com pangolins, através da mistura entre salivas e fezes de ambos.
Além da Covid-19, no início dos anos 2000, através também da interferência humana no mundo animal e de também uma zoonose, envolvendo morcegos, foi descoberto a "parente" (do Novo Coronavírus), também na China, a Sars (Sars-Cov-1 - Síndrome Respiratória Aguda Grave). Na época teve um surto com cerca de 800 mortes no mundo. Porém, não se teve mais casos desde 2004.
O Congresso Nacional chinês, também irá proibir a caça, o transporte de animais silvestres para consumo e também a utilização desses animais, não comestíveis, incluindo pesquisas científicas, uso médico e exibição, que passarão por um rigoroso exame, de aprovação e inspeção.
Para saber mais informações sobre o coronavírus e os pets, acesse o site: do Conselho regional de medicina veterinária: clique aqui!
Geane Neves
Pós-graduanda em Comunicação em Redes Sociais, Universidade Anhembi Morumbi (UAM) .MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa, Universidade Estácio de Sá (UNESA). Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, Universidade São Marcos (USM). Paulista, apaixonada por informação e voluntária Bunny Lovers Brasil.